Quase 90% dos moradores do Norte e Nordeste dependem exclusivamente do SUS, aponta IBGE

Em pesquisa recente divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada 10 brasileiros 7 dependem exclusivamente do sistema público de saúde para tratamento. Isso representa mais de 150 milhões de brasileiros sem acesso a planos de saúde privados.

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Os dados divulgados são de 2019 e não estão incluídos eventuais efeitos provocados pela crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus na capacidade dos brasileiros de arcar com gastos relativos à saúde privada.

Vale destacar que, apenas entre março e julho de 2020, mais de 327 mil brasileiros ficaram sem plano de saúde, segundo a Agência Nacional de Saúde (ANS).

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE


A Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE destaca a existência de desigualdade bem expressiva no que se refere ao acesso a planos privados, algo mais comum nas regiões Sul e Sudeste do Brasil e entre pessoas com maior renda. Tais dados contrapõem-se ao uso da rede pública, mais concentrado na população com baixa renda.

Segundo os dados do IBGE, 28,5% da população (o equivalente a 59,7 milhões de brasileiros), tinham algum tipo de plano de saúde médico ou odontológico no Brasil em 2019.

Considerando somente cobertura médica, esse percentual vai a 26% da população, indicativo de que 74% dos brasileiros dependiam apenas do sistema público de saúde em caso de doença.

Essa dependência é bastante evidente nas regiões Norte e Nordeste do país. Nessas áreas, a proporção de pessoas que não possuem planos de saúde beira 90%.

Na prática, isso significa que quase nove entre dez pessoas dependem do sistema público quando estão doentes. Por exemplo, no Maranhão, apenas 5% da população possuem plano de saúde e em Roraima o percentual é de 7,4%.

Para os responsáveis pelo estudo, os dados mostram que havia “uma grande desigualdade” entre as grandes regiões e as unidades federativas.

Os dados coletados da região Sudeste comprovam essa desigualdade: 34,9% dos habitantes dessa região possuem cobertura de plano de saúde médico, sendo São Paulo o estado com o maior número (38,4%).

Pela média nacional, 26% das pessoas tinham algum tipo de plano de saúde privado. O índice que avalia as pessoas que possuem plano de saúde é duas vezes maior entre brancos em comparação às pessoas pretas e pardas: 36,5% são brancos, 18,4% pretos e 17,6% pardos.

Segundo o IBGE, desses três grupos apenas os pardos tiveram evolução nesse indicador entre 2013 e 2019, aumentando 1,4%. Esse resultado reflete a desigualdade de renda entre brancos e negros no Brasil.

Pelos dados divulgados em maio de 2020 pelo IBGE, em 2019 a diferença de renda média entre brancos e pretos foi a mais elevada desde 2016: enquanto brancos tinham renda média de R$ 2.999 mensais, pretos tinham R$ 1.673.

Para o IBGE, a diferença na cobertura de planos de saúde entre classes de rendimento sinaliza “profundas desproporcionalidades”. De acordo com Maria Lúcia Vieira, pesquisadora do Instituto, “A gente viu que [o acesso a plano de saúde] está diretamente relacionado com o rendimento das pessoas”.

Na parcela populacional com rendimento acima de cinco salários mínimos, 86,8% tinham plano de saúde e 32,8% cobertura odontológica.

Por outro lado, daqueles com rendimento inferior a um quarto do salário mínimo, somente 5,9% tinham plano de saúde e 1,4% cobertura odontológica.

O plano de saúde é um serviço de luxo, um serviço caro. E, quando a gente tem o SUS (sistema de saúde público), o plano não é prioridade na hora de fazer escolhas, diz Maria Lúcia Vieira (pesquisadora do IBGE).

Os resultados da pesquisa apontam, ainda, que em 2019 a cobertura do plano de saúde odontológico era consideravelmente menos frequente do que a médica: 12,9% contra 26%.

De acordo com o estudo, “Mesmo nas faixas de rendimento mais elevadas, o plano de saúde odontológico foi adquirido por, aproximadamente, um terço das pessoas”.

Avaliação dos planos de saúde


O IBGE mediu também a avaliação dos brasileiros sobre os planos de saúde. Dentre aqueles que possuem cobertura, 77,4% consideraram o serviço bom ou muito bom. A região Nordeste traz o menor indicador de satisfação: 72%. No outro extremo do Brasil, 80,4% dos habitantes da região Sul se consideram satisfeitos.

Para os responsáveis pelo estudo, “A diferença de 8,4 pontos percentuais pode sugerir diferenças na qualidade dos serviços prestados nessas duas grandes regiões, logo traduzidas na avaliação de seus clientes”.

Dentre os brasileiros com plano de saúde médico em 2019, 46,2% deles pagavam seus custos diretamente ao plano. Outros, 30,9%, pagavam parcialmente com os custos. Apenas em 14,5% dos casos o plano era totalmente custeado pelo empregador.

De acordo com o IBGE, 46,8% dos brasileiros indicou a Unidade Básica de Saúde como o estabelecimento ao qual se dirigiam quando precisavam de atendimento de saúde. 22,9% das pessoas dirigiam-se a consultórios ou clínicas particulares.

Os demais, 14,1%, buscavam atendimento em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), pronto socorro ou emergência de hospitais públicos.

Internações


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A pesquisa realizada percebeu que 13,7 milhões de brasileiros (equivalente a 6,6% da população) estiveram internados em hospitais por 24 horas ou mais nos 12 meses que antecederam a data da entrevista.

Dentre esse número de pessoas que precisaram de internação, 8,9 milhões recorreram ao SUS, sendo os dados coletados: 65% eram homens, 72% jovens entre 18 e 29 anos de idade e mais de 70% de pessoas pretas e pardas.

Pela análise do IBGE, “As disparidades são expressivas quando considerado o rendimento domiciliar per capita das pessoas que ficaram internadas em hospitais por 24 horas ou mais”.

E acrescenta que “Esse indicador revela uma clara dependência das pessoas economicamente vulneráveis em relação ao SUS”.

Por fim, dentre brasileiros com rendimento de até um quarto do salário mínimo, 95% deles tiveram suas internações pelo sistema público de saúde. Esse percentual cai para 6,8% dentre aqueles com renda per capita acima de 5 salários mínimos.


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